Embora reaproveitar a água da chuva para usos não potáveis seja uma ideia simples, o especialista Pablo Said ressalta que os resultados variam bastante conforme a região, o imóvel e os hábitos de consumo. Economizar na conta de água, reduzir o impacto ambiental e ainda ganhar pontos em sustentabilidade: parece ótimo! Mas será que os sistemas de captação de chuva realmente valem a pena?
A verdade é que a viabilidade depende mais de matemática do que de vontade. Todo mundo quer pagar de sustentável hoje em dia, mas será que sempre faz sentido? Qual a viabilidade? Como adaptar as ações para a sua realidade? Com a alta nas tarifas de água em diversas cidades e o aumento da conscientização ambiental, esse tipo de solução ganhou força. Mas antes de sair instalando reservatórios por aí, vale a pena olhar para os números.
Abaixo, a gente te mostra por quê.
Como funciona e quanto custa um sistema desses?
O sistema de captação de chuva inclui calhas bem posicionadas, filtros, reservatórios e uma bomba para levar a água até onde ela será usada. Essa água não é potável, mas serve perfeitamente para lavar carros, regar plantas, dar descarga ou limpar calçadas. Em casas, o investimento gira entre R$2 e R$10 mil, dependendo do tamanho da área e da sofisticação desejada.
Para imóveis maiores, como prédios ou comércios, o valor pode subir, mas o retorno também costuma ser mais rápido. O especialista Pablo Said destaca que, quando bem dimensionado, o sistema pode reduzir em até 50% o consumo de água potável. Em tempos de escassez hídrica e bandeiras tarifárias, essa economia pode fazer toda a diferença, principalmente em regiões precarizadas.

Em quais casos compensa mais (e quando não vale)?
A instalação vale mais a pena em locais com boa incidência de chuvas e alto consumo de água não potável. Casas com quintal, jardins, condomínios e comércios que lavam áreas externas com frequência tendem a se beneficiar mais. Já em apartamentos pequenos ou locais com estiagens frequentes, o retorno pode demorar, ou nem acontecer. Pode, inclusive, resultar em gastos desnecessários para captar uma água que não será tão útil.
Para o conhecedor Pablo Said, outro fator a ser considerado é o nível de engajamento do morador. Sem manutenção regular, o sistema perde eficiência e pode até causar problemas, como mau cheiro ou entupimentos. Por isso, não basta instalar: é preciso cuidar e melhorar o sistema conforme necessário. Quem faz isso direitinho costuma ver resultados positivos em poucos anos, ou até meses.
E se o foco for sustentabilidade, e não só economia?
Mesmo quando o retorno financeiro é tímido, o impacto ambiental é significativo. Ao reutilizar água da chuva, diminui-se a pressão sobre os reservatórios públicos, o risco de enchentes e o uso de energia para tratamento de água potável. Ou seja: ajuda o bolso e o planeta. Pablo Said reforça que algumas empresas e empreendimentos comerciais estão adotando esses sistemas como parte de seus compromissos. Para quem busca certificações verdes ou quer se destacar como negócio sustentável, pode ser um passo importante e simbólico.
Sustentabilidade que cabe no bolso
No fim das contas, instalar um sistema de captação de chuva pode ser uma boa ideia, sim, desde que planejado com base em dados reais. Não é só sobre economia, mas sobre fazer escolhas mais conscientes e eficientes. O especialista Pablo Said conclui que cada imóvel tem um potencial que precisa ser avaliado caso a caso. Captar água da chuva está deixando de ser algo “alternativo” para virar uma tendência real. E quanto mais o clima muda e os recursos ficam escassos, mais essas soluções ganham espaço na rotina e no mercado.
Autor: Tiberios Kirk