As Inovações Tecnológicas e os Processos Educacionais

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Por Que as Escolas de Hoje Não Conseguem Atender às Demandas da Sociedade? Quais São os Principais Recursos Técnicos Para a Educação? Por Que as Escolas Privadas Respondem aos Apelos do Mercado e Se Entregam à Inovação Tecnológica?

Palavras-Chave: Socialização; Tecnologias; Escolas; Computadores; Pedagogia; Educação

Neste início do século 21 é possível observar os novos modos de socialização e mediações, as quais são decorrentes de artefatos técnicos extremamente sofisticados (realidade virtual, por exemplo) que subvertem as formas e as instituições de socialização estabelecidas.

Ou seja, hoje, as crianças aprendem sozinhas, lidando com máquinas “inteligentes” e “interativas”, conteúdos, formas e normas que a instituição escolar, despreparada, mal equipada e desprestigiada, nem sempre aprova e raramente desenvolve.

Do ponto de vista da Sociologia, não há mais como contestar que as diferentes mídias eletrônicas assumem um papel cada vez mais importante no processo de socialização, ao passo que, a escola, não consegue atender minimamente a demandas cada vez maiores e mais exigentes e a “academia” entrincheira-se em concepções idealistas, negligenciando os recursos técnicos, considerados como meramente instrumentais.

No setor privado, as escolas respondem “naturalmente” aos apelos sedutores do mercado e se entregam à inovação tecnológica sem muita reflexão crítica e bem pouca criatividade, formando não o usuário competente e criativo – como seria desejável – mas o consumidor deslumbrado.

A Pedagogia e a Tecnologia (entendidas como processos sociais) sempre andaram de mãos dadas: o processo de socialização das novas gerações inclui necessária e logicamente a preparação dos jovens indivíduos para o uso dos meios técnicos disponíveis na sociedade, seja o arado ou o computador.

O que diferencia uma sociedade de outra e diferentes momentos históricos são as finalidades, as formas e as instituições sociais envolvidas nessa preparação, que a sociologia chama “processo de socialização”.

Cabe lembrar o óbvio, como meio de sinalizar a perspectiva desta análise: as inovações educacionais decorrentes da utilização dos mais avançados recursos técnicos para a educação (o que inclui as Tecnologias de Informação e Comunicação, TIC, mas também as técnicas de planejamento inspiradas nas teorias de sistemas, por exemplo) constituem um fenômeno social que transcende o campo da educação propriamente dita, para situar-se no nível mais geral do papel da ciência e da técnica nas sociedades industriais modernas.

No capitalismo triunfante da segunda metade do século 20, o avanço tecnológico permitiu não apenas a expansão mundial do industrialismo como também a difusão planetária de uma cultura mínima (ou “básica”), que serve de linguagem comum para a “comunicação publicitária”, difusora de um discurso tecnocrático que vende ilusões com argumentos científicos.

A ciência e o desenvolvimento tecnológico, cujas relações ambíguas poderíamos classificar como incestuosas adquirem em nossas sociedades contemporâneas um grau de autonomia muito importante, tornando-se as principais forças produtivas dessa fase do capitalismo (Marcuse, 1968; Lasch, 1983; Habermas, 1973; Benakouche, 2000; Belloni,1994 e 2001b).

Nos países subdesenvolvidos, porém industrializados e altamente urbanizados; pobres e atrasados cultural e politicamente, mas com “bolsões tecnificados” e globalizados; nesses países as contradições e as desigualdades sociais tendem a ser agravadas pelo avanço tecnológico.

São aqueles países que, tendo sido compelidos a importar os piores malefícios do desenvolvimento (poluição, devastação ecológica, concentração urbana), não puderam exigir ao mesmo tempo os benefícios (o avanço social e político) e continuam sofrendo os problemas típicos de sua situação tradicional (estrutura agrária arcaica, política oligárquica, desemprego estrutural, ignorância, exclusão e miséria), agravados de modo inédito na história pela eficácia tecnológica.

Para ilustrar este agravamento pensemos, numa metáfora, na motosserra e no machado em ação na Amazônia.

As transformações na estrutura produtiva das sociedades capitalistas contemporâneas (estrutura que se convencionou descrever com base em conceitos como: “fordismo” e “pós-fordismo”, “globalização” e “deslocalização”, “flexibilização” [ou precarização do trabalho], “estado mínimo”, entre outros), impulsionadas pelo avanço técnico, especialmente em informática e telecomunicações, criaram novos contextos culturais (“cibercultura”, “culturas híbridas” ou simplesmente “paisagem audiovisual”, sem esquecer a “internacional publicitária”), caracterizados por um hibridismo perverso e redutor, que alguns autores consideram como uma espécie de pós modernidade “avant la lettre”, observável em alguns países da América Latina, especialmente o México (Canclini, 1998; Yúdice, 1991; Mattelart, 1994; Belloni, 1998).

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